Abrem-se as comemorações



As comemorações, abertas no dia 10 do mês de junho pelo próprio escritor no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, teve a presença de vários conterrâneos e admiradores. O “Ariano é um fomentador de questionamentos, um gênio da literatura nacional. Vim aqui prestigiá-lo, porque não é todo dia que se tem a possibilidade de ver e conversar com ele” atesta a estudante Lucélia Regina Eller, de 22 anos.

.O autor de “O Auto da Compadecida” abriu as comemorações com uma aula-espetáculo em meio a músicas, histórias, assuntos pessoais e sua relação com a política. Além de uma verdadeira aula de cultura popular, de cordialidade e de humor.

No Jô

Em entrevista ao Programa do Jô no dia 05 de junho, três blocos foram dedicados ao escritor. Onde foram descobertas mais outras várias curiosidades, histórias de sua vida, infância na Paraíba, lembranças de sua juventude, o processo criativo de seus personagens e do livro que está escrevendo há 26 anos. No primeiro bloco, o assunto era as comemorações dos 80 anos do escritor, inaugurado com suas aulas-espetáculo. Em relação às comemorações, o escritor não deixa de brincar: “Se já estão fazendo isso com meus 80 anos, fico pensando o que farão quando eu completar 160”. Nos blocos seguintes, Ariano aproveita para falar da estréia da minissérie “A Pedra do Reino”, com direção de Luiz Fernando Carvalho e gravada na cidade Natal. Ao final da entrevista, a participação do grupo carioca “Gesta”.

Movimento Armorial

Ariano é o criador do “Movimento Armorial”, que teve início da década de 70. Uma época marcada pelo início da “industrialização” da comunicação do Brasil, pela repressão política imposta pelo regime militar e pelo surgimento do Tropicalismo – uma tendência avessa ao Movimento. A iniciativa busca ir contra ao ritmo industrial imposto por essa cultura de consumo, em que tenta colocar um tempo cultural acelerado. “O Movimento Armorial pretende realizar uma arte brasileira erudita, a partir das raízes populares da nossa cultura” afirma o criador.

No livro “Pequena História da Música”, de Mário de Andrade, o autor relata em sua pesquisa o cenário da música erudita brasileira no período da República Velha, tal análise se encaixa perfeitamente nos dias atuais. “O virtuose estrangeiro que aparece aqui, no geral se limita a mostrar obras com sucesso garantido, isto é, as velhas já tradicionalizadas no gosto do público. Não há luta, não há ideal, não há interesse artístico (...)”.

O Movimento Armorial tem como objetivo não deixar que a cultura brasileira se massifique e vulgarize. Em uma de suas aulas espetáculos Suassuna diz que até o nome dado tem um significado – Na língua portuguesa “Armorial” é um substantivo e significa “livro de onde vem registrado os brasões”, mas o idealizador do Movimento passa a empregá-lo como adjetivo por sua beleza e por estar ligado aos esmaltes Heráldica, que são puros limpos e nítidos. Além da música, o Movimento se enquadra na pintura, na cerâmica, na tapeçaria, na escultura, na gravura, no teatro, no cinema, na dança e por ai vai...

Encontros

Leitores de O Globo também puderam conferir a aula-espetáculo através do evento “Encontros O Globo”, realizado no auditório do jornal, dia 13 deste mês. O jornalista Mauro Ventura fez uma breve abertura da obra do escritor. Suassuna preferiu apresentar-se sozinho, diferente dos outros encontros composto por um mediador. Entre uma fala e outra o autor ressalta a cultura do seu povo: “No nordeste tem um ditado que diz: A astúcia é a coragem do pobre” ou “O homem do povo no sertão quando não morre até os 5 anos, é porque ele é forte mesmo”.

Ainda na agenda - shows, filmes, palestras e oficinas em lugares diversos. As exposições terão espaço no Sesc Flamengo (Marquês de Abrantes, 99), tem exposição também na ABL – Academia Brasileira de Letras, e no Centro Cultural da Ação da Cidadania - TV Globo (Barão de Tefé, 75), respectivamente intituladas: “A terra, o altar, o sonho” e "A Pedra do Reino". Filmes exibidos no Cine Odeon (Praça da Cinelândia) com entrada Franca,. Segundo Bráulio Tavares, autor do livro “ABC de Ariano Suassuna” e também roteirista da microssérie da TV globo, afirma que o escritor tem muito material inédito e cita ainda que o livro “A Pedra do Reino” precisa ser mais lido e discutido. “O livro está longe de receber a atenção critica que merece” acredita.

Nasce Suassuna

Inez Viana, coordenadora cultural da Semana Armorial trabalha na organização das festividades, a maioria, realizadas no Arte Sesc Flamengo, onde haverá mesas redondas, lançamentos de livros e exposições. As honras se estendem à Sala Baden Powell com espetáculo de dança “Sambassuassuna” da Cia Andréa Jabor.
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Oitenta vezes pode ser muito, um exagero talvez, mas o que deve levar-se em conta é que muito foram as preocupações numa década em que o Brasil discutia uma identidade e os rumos da nação brasileira. Uma década em que todos tinham algo a dizer - políticos, militares, empresários, trabalhadores, médicos, educadores, artistas e intelectuais. Semana de Arte Moderna de 1922, reforma das instituições - a começar pela Constituição de 1891, reorganização da sociedade brasileira. De um lado acelerava-se a industrialização, a urbanização, o crescimento do proletariado e do empresariado. Do outro, permanecia a tradição colonialista, o latifúndio, o sistema oligárquico e o desenvolvimento desigual das regiões. Mas havia também intelectuais preocupados em apresentar propostas para a melhoria de um Estado em mudanças. Sobre esse contexto nasce Ariano Suassuna.


Matéria do Jornalista:

Felipe Cartier

Programação

A programação completa das comemorações pode ser conferida do site:

www.arianosuassuna.com.br
http://www.arianosuassuna.com.br/arianosuassuna.html